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2 Coelhos – Filme Foda !



Nunca antes na história desse país se viu um filme como esse. E espero que a gente possa ver mais, muito mais. "2 Coelhos" já é o melhor filme brasileiro da história. Nos primeiros 10 segundos do filme você reagirá assim, "Puuuuta que pariu, como assim?!", e ao som de "Kings & Queens", do 30 Seconds to Mars.

Cara, sabe aquele dia que você vai pro cinema, mas não sabe nem que filme vai assistir e escolhe qualquer um?! Pois é, e como é bom escolher um filme "do nada" e sair da sala de cinema com uma alegria contagiante por ter visto um filme foda! Assisti ao filme sem nunca ter visto o trailer, talvez isso tenha até melhorado a minha opinião sobre o filme. Ou não… A verdade é que não saberei.

Ação, efeitos especiais, uma história que foge completamente do que estamos acostumados a ver no cinema brasileiro — pelo menos entre os que estão acostumados a ver cinema brasileiro, o que a gente sabe, é pouca gente, e por algumas razões bem explícitas. Como eu disse na época, eu vejo esse tipo de coisa sendo feita no Brasil, onde eu moro, onde eu trabalho, e não consigo pensar em nenhuma outra frase, ou palavra, pra definir. ESSE FILME É DO CARALHO!

Assim é "2 Coelhos", um filme de ação frenética que surpreende pela nacionalidade: 100% brasileiro. O espanto se dá nem tanto pela qualidade demonstrada, mas pela aposta em um gênero até então pouco explorado no cinema nacional. A ação, quando surge, costuma estar atrelada a algum contexto social, como aconteceu em "Cidade de Deus" e nos dois "Tropa de Elite". Em "2 Coelhos" não, ela é a mola mestra da história. Com prós e contras.
"Queria fazer um filme contemporâneo. Primeiro procurei um livro pra adaptar, mas eu percebi esse era meu primeiro filme e eu ia ter de escrever, não ia ter jeito", contou o estreante diretor Afonso Poyart na coletiva de imprensa realizada em São Paulo. "Eu queria contar uma história que envolvesse corrupção e criminalidade, dois temas bem atuais e presentes na vida de qualquer brasileiro. Foi assim que surgiu o mote inicial, um justiceiro, cara comum que monta um plano de vingança pra dar uma porrada nos corruptos e criminosos. Mas aí eu comecei a escrever e as ideias começaram a aparecer e isso virou um pretexto, quase. A jornada desse cara vai muito além disso, além dessa coisa de justiça social."

E é verdade. Por mais que as grandes cenas de ação e efeitos especiais estejam, sim, presentes no trailer, é a história que dita o filme, desde o início, quando te apresenta os personagens — e toda a estética que vai ser usada no filme dali pra frente — até o final, cheio de reviravoltas e com um bom tanto de falta de linearidade, criada muito mais pela quantidade gigantesca de personagens do que pela história, em si.

A favor do filme pesa a excelência técnica. Extremamente bem produzido, "2 Coelhos" impressiona pelo uso dos efeitos especiais. Seja nas várias cenas filmadas com a câmera super slow motion, que faz com que cada gesto, por menor que seja, torne-se grandioso, ou nas brincadeiras feitas para ambientar este universo muito particular do protagonista Edgar, onde o próprio chega a ganhar uma espécie de alter ego dentro de um videogame – "Detonando Miami Beach", inspiração explícita de Grand Theft Auto. A edição rápida e as gags sonoras ajudam a criar uma trama que exige rapidez de raciocínio, nem tanto para compreender a história mas para capturar as citações feitas a cada instante. É filme para a geração multimídia, acostumada a animes, videogames e tudo o mais que aconteça ao mesmo tempo agora.
De forma similar, Caco Ciocler se apresenta como um intérprete capaz de sugerir todo o sofrimento de Walter sem praticamente abrir a boca, apenas através da expressão corporal rígida e do rosto sempre endurecido. O cinema tem de ser variado. Às vezes o cinema nacional se coloca em alguns paradigmas que são complexos, tipo, só comédia dá certo; sou contra isso, você pode conseguir bilheteria com vários gêneros. E esse tipo de cinema, que a gente não consegue classificar direito mas você pode chamar de filme de ação, tem público. Por que não ter público num filme nacional? É só você fazer direito, com carinho, com vontade. –Afonso Poyart, diretor de "2 Coelhos"

E, mano, é realmente FODA saber que aquilo tudo foi feito no Brasil, com apenas R$4 Milhões — sendo que apenas R$1.5 Milhões é que vieram de incentivos do governo. "Eu não tinha noção da encrenca que eu tava me metendo. De verdade. Eu não sabia que era tão difícil assim, mas eu tava lá, não tinha como voltar", conta o diretor, todo empolgado. Caco Ciocler, que interpreta Walter, um dos personagens mais interessantes do filme, conta que Poyart, por mais que diga que não, sabia onde iria acabar chegando com "2 Coelhos". "Uma das coisas que mais chamou minha atenção no nosso primeiro encontro pra falar sobre o filme foi, e eu digo isso da melhor maneira possível, uma pretensão quase ingênua dele, muito apaixonada, muito bonita, dizendo coisas tipo "Eu não entendo! Os caras queriam milhões pra fazer os filmes, ninguém faz nada direito!". Existia uma vontade já ali de fazer uma coisa que nunca tinha sido feita, de um tamanho que nunca tinha sido feito, porque ele sabia que era possível fazer uma coisa que nunca tinha sido feita no Brasil.", contou.
Nunca antes na história desse país se viu um filme como esse. Com esse tanto de explosão, batida de carro, tiroteio e toda essa estética urbana que São Paulo e os grafismos adicionados na pós-produção. "Você tem muitos profissionais no Brasil, em várias áreas, que as vezes não utilizam tudo o que eles sabem. A gente foi atrás desses caras, que tinham muito potencial, equipamentos, e não tinham onde colocar. A parte de efeitos físicos a gente fez com o Farjalla, que fez 'Os Mercenários', por exemplo, e ele tava muito a fim de entrar no projeto porque ele viu que seria muito legal usar todos os brinquedos dele, toda a experiência."
Com uma história tão cheia de reviravoltas, com tantas possibilidades e sem nenhum policial sequer, o filme acaba sendo um daqueles que ninguém sabe exatamente como classificar. Ação? Tem ação, sim, mas não é de ação. Romance? Tem uma história de amor bem forte, mas não é sobre isso. Policial? Se não tem polícia… Suspense? Sobrevivência? Bom, foi assim que o Ministério da Justiça classificou, e é o que chega mais perto.
Porém, foi Alessandra Negrini, que deixa qualquer um boquiaberto e babando em cada uma das cenas do filme — especialmente as de calça jeans e camiseta, porque né? — que acabou dando uma classificação mais do que atual para o filme. Ao elogiar a natureza independente e autoral do projeto, ela, sorrindo, vestindo uma camisetinha dos Ramones e com aquela cara de sapeca, como se fosse dizer o maior palavrão do mundo na frente da avó, disse que é um filme "nerd".
E esse é o público, que gosta de tecnologia, de cinema blockbuster, que tá na internet o tempo todo, em rede social, expondo opinião e, tal qual o personagem principal do filme, jogando e vendo pornografia (e que se condicionou chamar de Nerd) que vai consumir o filme. Consumir e apreciar, porque é disso que se trata: não é um filme de arte, nem tenta ser; não é comédia ou um enorme Zorra Total; é entretenimento. Puro e simples. Lindo, emocionante, mas entretenimento, empolgante. Do jeito que eu gosto, do jeito que tem de ser. E é totalmente nosso!

Um comentário:

Priscila disse...

da hora esse filme!!