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O Celular

Maldição ou solução ? eis a questão.

Lembro quando, para fazer interurbano, ligava-se primeiro, à telefonista, dava-se o numero pretendido, e à tarde, a ligação era completada. Que martírio, mas, à época, era comum e normal. Conto a meus filhos, e ficam abismados, boquiabertos, como se estivesse mentindo.

Hoje, do celular, fala-se para qualquer parte do mundo, na hora, sem delongas.


 

O celular veio e ficou, com tudo de bom e ruim. Sua utilidade é infinita, para todos os fins, seja lícito ou não. Do médico que orienta sua equipe na pré-cirurgia, ou do traficante, que distribui toneladas de drogas, no fechamento de altas operações financeiras, ou na mutreta milionária envolvendo políticos. Estes, que fiquem espertos, pois há modelos, com gravador, câmara fotográfica e filmadora, verdadeiros alcagüetes.
È, também, usado como instrumento contundente, e que, o diga, a empregada da modelo Naomi Campbel, que, por não encontrar uma calça da patroa, recebeu desta, uma porrada (celulada) na nuca.
Serve como detonador de bombas à distância, utilizado, segundo dizem, apenas por terroristas. Portanto, é usado, na venda de desgraça, corromper, salvar e matar vidas. Recorre-se a ele, durante as 24 horas do dia. Seu uso é tão compulsivo, que, para alguns, já deve causar dependência psíquica. Tornou-se, tão amigo do homem, que o cão, que se cuide, pois corre o risco de perder o titulo.
Inevitavelmente, no dia a dia, você ouve alguém no celular: na rua, na escola, cinema, ônibus e pasmem... Até em velórios. Nem o falecido tem sossego....
Eu mesmo, em viagem de ônibus, ouvi, por meia hora, um jovem aos brados, usando vocabulário ininteligível, que dizia: -e, aí, mano, -o bagulho chegou, -ta na mão... -ops, to na fita, falou...qui nada...só....valeu !!! Pensei comigo: -o celular vai bem, mas o vocabulário, nossa!!! Viva o ENEM... Durante a viagem, um gaiato, não suportando mais, gritou: -por aqui, tem alguma oficina que conserta papo furado? Alguns riram....O cara do celular não...Quase sai quebra-pau..Se não fosse a turma do deixa - disso...O celular seria pivô do crime.
Em suma, é de bom alvitre, ao usá-lo, haver comedimento e discernimento, enfim, que o inoportuno se toque, não incomodando terceiros, e, sobremaneira, deixando de passar atestado de burrice, a si mesmo em público.
O ridículo chega ao extremo, quando alguns usam 2 ou mais celulares na cintura. O cara fica parecendo escoteiro ou o Rambo. Outro dia vi um que além dessa parafernália, ainda achou uma brecha para colocar o ray-ban. Pó, só faltou colocar um cantil.
Há momentos alegres e gostosos de ouvir. Como: conversa entre namorados, da qual, sem querer, você participa, de todos... Mas de todos os detalhes; - entre filhos e a pais, na maioria das vezes carinhosa... Há brigas, discussões e bate-bocas, entre interlocutores. Você é solicitado, a meter a colher na vida alheia, dando palpites, opiniões, conselhos, etc.E, acaba se tornando um bisbilhoteiro audível. Não tem jeito...
Ele é usado por mães, como moeda de troca: -filhinho, se você estudar e passar de ano dou-te um celular de presente, a que responde o pimpolho: -só se for com câmara e filmadora, senão, negativo. Há quem o ganha, e por impaciência, não usa, deixando-o no fundo da gaveta. É um presente, dispensável, pois a conta é inevitável, seja pré ou pós, que ao final, a fatura ou “fratura”, acaba sendo dolorosa.
Hoje, não estão só de olho na butique dela, mas no celular. Na rua, praia, em qualquer lugar. O perigo de assalto, ronda. De repente, a vida, vale menos que o dito cujo. Seja, ele um modelo sedan, ou o mais luxuoso, repleto de recursos.
È indicador de status, seu modelo, identifica a classe social de quem o usa, É mais ou menos como automóvel de marca. Uns andam de fusquinha e outros de Mercedes Benz. E, entre nós, não sei para que tantos recursos, pois a maioria, não os usa, ou, nem sabe utilizá-los.
Enfim, todos devem ter alguma história envolvendo celular. Comigo, aconteceu em 1992, quando, ele ainda engatinhava, e, à época, usava um, que parecia e pesava como um tijolo. Hoje, cabem na palma da mão!! -Era virada de ano e descia ao litoral, quando na rodovia dos Imigrantes, sentido Santos-SP, o meu tocou, e ao atender, afoita, uma voz doce e meiga dizia: -filhinho, -boas festas, -feliz ano novo, -não beba, -cuidado na estrada. Uma mãe errara o número.
Ouvi pacientemente, e, ao final, disse-lhe: -senhora, não é seu filho, que, invejo, pois daria todo dinheiro do mundo para ouvir minha mãe. Infelizmente, já se foi. E, ela, sem perder a linha, ou ser mal educada, repetiu os votos, como se fosse para o filho, e, ainda completou: -os filhos são filhos de todas as mães e as mães são mães de todos os filhos. Que bom ouvir isso....Então, bem ou mal, que viva o celular !!!!!!!
Brownsugar



Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom o texto. Parabéns !!